domingo, 25 de setembro de 2011

Um pouco de minha história com a AC

Durante toda a minha graduação me interessei pelo Behaviorismo Radical/ Análise do Comportamento. Meu primeiro contato com a abordagem foi através da disciplina AEC, ainda no primeiro período da Faculdade, quando fui monitor da Prof. Ms. Simone Santos. Sim! Fui monitor ainda no primeiro período e permaneci nesta função até o sétimo, quando a professora de AEC era a Ms. Cíntia Marques Alves (Como dei trabalho, hein Cíntia? Teve que me orientar em mais dois PIBICS e um TCC).
                                     
Fonte: Arquivo Pessoal
Prof. Dr. Alexandre Montagnero. 
No final do segundo período assisti alguns cursos coordenados pelo então Ms. Alexandre Viana Montagnero (hoje Dr. em Psicologia pela USP e coordenador da pós graduação da UFU). Isto foi o bastante para me encantar de vez com a Teoria Comportamental e me dedicar verdadeiramente a estudá-la.

Infelizmente, durante todo o resto da graduação não tive mais nenhuma disciplina em Análise do Comportamento. Conduzi meus estudos por conta própria, sujeito às diversas dificuldades que isto impõe: ausência de regularidade; sem quase (digo "quase" porque diversos amigos me ajudaram)¹ nenhum tipo de orientação ou supervisão; sem direcionamento; além da concorrência com o estudo de outras disciplinas (muitas delas, estudava por puro reforço negativo), cujo nível de exigência também não era baixo.

Na faculdade em que me formei, a Psicanálise (maioria dos professores eram dessa abordagem) e a Terapia Cognitivo Comportamental (tive excelentes mestres) eram muito fortes. Eram praticamente hegemônicas. Essa condição não apenas limitou meu acesso à Análise do Comportamento, mas também me expôs a uma quantidade incontável de críticas a ela. Quase toda aula em que a abordagem era mencionada ouvia acusações de que negligenciava isso ou aquilo - subjetividade, genética, cultura, etc. As críticas beiravam o absurdo. Como alguém em sã consciência conseguiria acreditar que uma abordagem que pretendesse explicar o comportamento humano como um todo poderia negligenciar aspectos tão importantes? Esta pergunta me levava a anotar boa parte das críticas que ouvia e pesquisar por seus temas em casa. Como consequência destas pesquisas meu conhecimento sobre Análise do Comportamento foi se ampliando e a confiança depositada nos professores era cada vez menor. Passei a interpretar suas falas como desonestidade intelectual ou, no mínimo, irresponsabilidade por falarem de algo que não conheciam.

Naquela época criei um blog de Psicologia, cujo nome nem me lembro. Em pouco tempo fui convidado para o Olhar Beheca, que na época, era o principal blog de Análise do Comportamento do Brasil. A ideia inicial de um blog era apenas criar uma condição que me obrigasse a estudar: era preciso ler para elaborar os artigos. Com minha entrada no site, no entanto, a coisa toda ganhou um novo contorno. Os textos me colocavam em contato com diversos analistas do comportamento que eu admirava. Dentre eles, a própria equipe do site, composta por Alessandro Vieira, Rodrigo Xavier e Giovana Del Prette. Isso me estimulou a escrever mais e mais, até que a frequência com que eu produzia não era mais comportada pelo Olhar Beheca. Neste contexto surgiu o Comporte-se. O primeiro blog eu abandonei completamente. Ele era generalista. Falava de Psicologia de forma geral. Com o tempo que passei no Olhar Beheca passei a escrever apenas sobre Análise do Comportamento e, graças a isso, foi com este perfil que o Comporte-se nasceu.

Passei alguns meses escrevendo tanto para o Comporte-se quanto para o Olhar Beheca. Com o avançar dos semestres da faculdade, no entanto, a carga de trabalho começou a aumentar e ficou insustentável publicar nos dois sites. Naturalmente escolhi permanecer no Comporte-se, que já recebia um número considerável de visitas.

Uma das pessoas que conheci escrevendo para os sites foi o Robson Faggiani. Nos demos muito bem logo de cara. Em pouco tempo surgiu a proposta de, junto a ele, construir outro site. Criamos, então, o Psicologia e Ciência. Passaram a colaborar também o Rodrigo Xavier, que assim como eu havia abandonado o Olhar Beheca, o Marcelo Souza e a Simone Pasquini. Era uma equipe phoda boa, mas cujo potencial não foi bem aproveitado. Por motivos diversos acabamos não dando continuidade às publicações e o site permanece, ainda hoje, como um projeto que me arrependo de não ter investido mais.

No ano de 2008, conhecí em Uberlândia a então estudante de Psicologia Hélida Reis, que é Analista do Comportamento declarada e me falava com empolgação de seus projetos de pesquisa, projetos de extensão e outros trabalhos na área. Aquilo me levou a ter um envolvimento ainda maior com o Behaviorismo Radical. Cheguei a desenvolver um PIBIC replicando um estudo do Robson Faggiani sobre Efeito de Estímulos Consequentes Específicos sobre a Emergência de Leitura Recombinativa. Imagine a situação? Não existia nenhum analista do comportamento na faculdade para me orientar. Ainda que a Cíntia tivesse toda a boa vontade do mundo, ela era da Terapia Cognitivo Comportamental e não trabalhava com o tema. O Robson até tentou me auxiliar à distância, mas ainda assim, o nível de dificuldade foi suficientemente aversivo para que eu passasse um bom tempo sem ter paciência para estudar Análise do Comportamento. Foi um sufoco concluir o projeto.

Logo depois dessa aventura fiz estágio de Terapia Cognitivo Comportamental com o Prof. Ms. Gledson Régis Lobatto, e sinceramente, o cara é bom demais! Além disso, contava com um grupo de estágio muito bom. Como dizem alguns: quase abandono o lado negro da força. Cheguei a me questionar diversas vezes se eu realmente queria seguir carreira na Análise do Comportamento.

Hoje faço minha especialização em Terapia Comportamental no Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento, de Campinas. Estou maravilhado, não só com o que venho aprendendo, mas também pela qualidade dos professores do ITCR. Minha supervisora, a Renata Gomes, é excelente! Cada vez mais eu tenho a certeza de que estou no caminho certo. Toda a equipe é extremamente solícita e atenciosa. Foi a melhor escolha que podia ter feito.

Este ano participei pela primeira vez da ABPMC - maior congresso de Análise do Comportamento do Brasil. Finalmente, não é? Desde que ingressei no mundo dos blogs de Análise do Comportamento diversas pessoas me orientavam a participar. Sabe o que descobrí? Estavam todos enganados ao dizer que ele é muito bom. Na verdade, ele é perfeito! Posso dizer que fiquei em extase alí. O que tinha de melhor? Sem necessariamente ser nesta ordem: participar de cursos e palestras sobre AC ministrados por quem realmente entende do assunto; conhecer amigos com os quais conversava há anos na internet e nunca havia me encontrado pessoalmente; ter a oportunidade de ir à ABPMC como parceiro do evento, representando o Comporte-se; estar lado a lado com aquelas referências que vejo nos artigos e livros que leio; apresentar meu trabalho de conclusão de curso para Zilda  (que quem sabe será minha orientadora de mestrado) e para o Almir Del Prette; além de me divertir muito com as trapalhadas do Daniel, Rodrigo e minhas também.

Outro contexto que contribuiu demais com minha formação e interesse pela Análise do Comportamento foi a comunidade de mesmo nome, no Orkut. Alí conhecí muita gente legal que me ajudou muito diante de algumas dificuldades que enfrentava para continuar estudando. Pena que hoje a comunidade praticamente não tem mais discussões sobre a Análise do Comportamento. Muitos atribuem isso a uma fase em que o controle aversivo passou a imperar ali. Mas enfim, junto a alguns amigos tenho buscado trazer de volta o clima amigável de lá.

Esse foi um pequeno resumo de minha "jornada" na Análise do Comportamento. Muita coisa não foi escrita e nem teria como contar tudo em um texto de blog. Falei apenas de alguns pontos que considero relevantes. E como as normas de redação dizem que todo texto tem que ter um fechamento, "amarrando" o assunto, concluo dizendo que estou satisfeito. Atualmente trabalho fundamentado nos princípios da Análise do Comportamento (ainda bem que a Renata, minha supervisora, tem paciência comigo), e estou definitivamente convencido do quanto esta é a melhor abordagem para minha atuação. Fico feliz demais vendo as Análises Funcionais funcionando e as intervenções gerando resultados. Não que outras abordagens não sejam capazes de gerar bons resultados, mas enfim... Isso é assunto para outro texto. 

4 comentários:

Daniel F. Gontijo disse...

Fala, Neto! Fico contente de participar dessa sua jornada! E você também teve e tem seu papel importante nos meus passos também, como sabemos! Vamos em frente que o caminho é longo e há muito o que fazer e aprender!

Abraço!

Renata Gomes disse...

Neto, agradeço imensamente a menção honrosa e mais ainda pela oportunidade de fazer parte da sua jornada e de ter você fazendo parte da minha! =)

Neto disse...

Olá Daniel,

Isso aí! Hoje estamos crescendo juntos. Sabe que é um profissional que admiro pela competência e simpatia.

Neto disse...

Olá Renata,

Sou eu quem agradeço seu cuidado e atenção! É uma honra ser seu aluno.